segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

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a materialidade não são bocas de seda

bate nas pedras

& as letras estão abertas

são crateras confusas na sala

a materialidade é obra é artesã é universal

& transversal & transgressão

a materialidade são palavras vincadas na noite

a materialidade porque

a pedra é só abertura

e só apertura

& há refluxo & reflexo do abismo

a materialidade

das coisas para as coisas das coisas

&

das coisas das coisas para as coisas-coisas das coisas-coisas nas coisas

& a materialidade está na frente do mar

como quem está

na frente de guerra dos palhaços

de flores esguichando água ao peito para as caras

o corpo é materialidade

da materialidade do corpo

a ouvir o toc

toc toc da chuva nas urtigas


2 comentários:

  1. sobre as urtigas:

    sabe que traz bichos dentro da cabeça a alimentar memórias ou invenções destas, histórias felizes para contar mais tarde aos pássaros e aos peixes. acreditava nos pássaros que das migrações regressavam como partiram, o mesmo coração, as mesmas asas; acreditava nos peixes cegos do mundo. acreditava que a qualquer momento ele viria, de dentro das suas mãos para a levar. que todos os regressos se davam quando não esperamos, por isso lia. a propósito do amor deixou o musgo na humidade da boca, cresceram-lhe heras dentro, depois foram embondeiros que lhe nasceram no lugar do coração.

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  2. é bom descobrir palavras, estas tuas.
    Roque Silveira

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