sábado, 6 de junho de 2009

fragmento de ensaio que acaba de ser cortado do corpo desse mesmo ensaio, escrito com o sono já a bater de chapa.

"Que “todo o texto é político” isso já sabemos. Que a Po.Ex teve de “lutar contra uma tradição de lirismo sentimental, confessionalismo, preguiça, incultura, atraso, instalação e tudo o mais que traduzia o estado de decrepitude e estupidificação da sociedade onde se queria implantar”, surgindo “como uma verdadeira ameaça aos valores burgueses da cultura” também nos é fácil imaginar. O que eu pessoalmente não entendo é como se pode permanecer neste cinzentismo académico em que vivemos, tentando ignorar (ou ignorando de facto, por ignorantes que somos e que queremos continuar a ser para não ter trabalho que isso cansa muito e amanhã tenho que me levantar outra vez), dizia, tentando ignorar o que se fez com o texto, com o corpo do texto, o que o texto fez o seu corpo, o que o poema deu ao texto universal que é a literatura ainda com tantos caminhos para percorrer, ainda com tantas formas de correr esses caminhos. O problema é que está nas mãos do poder instituído o reconhecimento e até certo ponto (infelizmente muito forte) o próprio conhecimento desses caminhos. É que nem todos temos GPéSes. E às vezes o caminho esburacado dá-nos uma trabalheira danada para percorrer. E se bate o sol de chapa, queima os pés, porque às vezes vamos descalços. Outras, às apalpadelas. De quatro. O que pode ser uma escolha. Nem todas as imagens convencionais e/ou convencionadas têm que ser o que o discurso primeiro diz que elas são."

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