quinta-feira, 11 de junho de 2009

Hiperficção.

a Hiperficção é uma forma literária/poética que se encaixa no fazer maior que é a ciberliteratura.

está inerente a este género de escrita um diálogo intersemiótico entre a literatura/poética e os novos meios digitais, concretizada através da exploração em parceria da linguagem textual e da linguagem hipertextual, isto é, do código html.

este género trabalha principalmente sobre o conceito de que o texto (todo o texto) é um labirinto onde se perde o/a leitor/a e cujos signos que o formam sempre remetem para universos paralelos criados labirinticamente na leitura de cada seu produtor/re-construtor.

há que dar especial ênfase a este seu carácter interactivo, isto porque o surgimento da hiperficção serve também como uma das formas de disrupção para com uma ainda passadista concepção do processo de escrita e, por contiguidade, dos processos de leitura e interpretação. deve ser sublinhado que o que este género traz verdadeiramente de novo a esse processo de leitura de que falamos é, a meu ver, um restabelecimento da "verdade" (ou das "verdades", múltiplas em suas variantes de falsidade) acerca do que é o texto, do que é a escrita do texto e do que é a interpretação do texto, bem como de um re-pensar do papel do autor e do leitor, por extensão à mudança de paradigma do conceito "texto". sublinha-se, além do mais, que aqui o conceito de "interpretação" não deve ser entendido como sinónimo de descodificação de uma matriz portadora de uma mensagem única e atingível, mas sim como amplo conceito que engloba todo e qualquer processo de construção de tangíveis leituras, múltiplas e tecidas por e segundo cada leitor/a.

se o projecto de poema hipertextual que eu e o luís belo concretizámos em "pestana de fogo: linfócito" vai neste preciso sentido prático-teórico, há que realçar que nunca foi por nós tido como estando ligado a um conceito completamente novo e nunca produzido, uma vez que a própria hiperficção é um género explorado faz já algumas décadas. não deixa contudo de ser, defendemos, uma obra pioneira se tivermos em conta as instituições convencionais em que ainda se movimenta (movimenta?) a poética "tradicional".

abaixo apresento, em intuito de troca interintelectual, alguns exemplos de projectos dianteiros nestas áreas. O nosso, como pioneiro que não deixa de ser, até porque tudo quando é feito (poesis) é sempre, concomitantemente, algo de novo e algo repetido. não obrigatoriamente algo repetitivo.

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victory garden
1995.
de stuart mouthrop

my body
1997.
de shelley jackson
http://www.altx.com/thebody/

reagan library
1999.
de stuart mouthrop

millennium buggery
2000.
de ernesto sarezale

contravórtice
2002.
de márcio-andré

triptych
2002.
de peter howard
http://www.cam.net.uk/home/aaa021/kettles/peter/triptych.htm

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1 comentário:

  1. Não conhecia, mas parece-me algo passível de ser muito explorado. Uma ideia interessante, é bom fugir à normalidade de vez em quando :D

    Abraço

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